O Atirador Furtivo
(Para mais facil entendimento, as partes em espanhol sao as falas em que os portugueses conseguem ouvir. Tudo o resto, incluindo espanhois a falarem com espanhois foi escrito em portugues. PS: nao creio que seja necessaria a traduçao.)
A metralhadora disparou rajadas atrás de rajadas. Dois soldados tombaram de imediato, um terceiro gritava após ter sido atingido no estômago. No meio da batalha um guerreiro atingido no estômago, significava morte. Gritando deixou cair a arma e agarrou o estômago. Esqueceu por momentos que estava num campo de batalha. As fezes saíam automaticamente, sem consciência. Os companheiros tentaram chegar perto dele, enquanto balas passavam ao lado deste sem o acertar. Uma bala certeira, de uma arma de alto calibre ecoou pelo metro acertando em cheio na sua testa. A metralhadora calou-se para respirar e os soldados inimigos aproveitando o re-carregamento avançaram, começando a descer as escadas. Havia no centro duas antigas escadas rolantes e perpendiculares duas escadas de pedra. Enquanto desciam rapidamente disparavam para o local aonde antes estava a metralhadora a disparar. No momento em que eles acabavam de descer as escadas, de dentro das duas primeiras lojas apareceram dois partisans de cada lado. Dispararam apanhando-os totalmente desprevenidos. Aqueles que vinham a descer no fim das escadas rolantes tombaram sem vida. Das escadas perpendiculares os soldados saltaram um pequeno muro caindo junto a parede e esconderam-se. Aqueles que iam a descer mas mais acima tentaram voltar atrás, indo contra outros que iam em frente. Caos imergiu e mais 6 soldados caíram. Ouviam-se gritos dos feridos. O chão com destroços estava a ficar vermelho do sangue. Aqueles que tentavam dar cobertura aos companheiros disparavam sem quase olharem para aonde disparavam. O chão que outrora fora mármore era agora uma mistura de entulho misturado com vidro esmigalhado e pó. Outro tiro de uma sniper e mais um soldado, que dava cobertura escondido atrás de uma parede, tombou com um tiro na garganta.
Uma granada foi lançada pelo exercito atacante contra os partisans que estavam na loja da direita, fazendo-a explodir. As paredes abalaram com o estrondo.
“-Idiota, quieres hacernos morir a todos? Si las paredes se caen morimos todos. Más nadie usa explosivos.” Gritou um em espanhol.
Os dois soldados da loja oposta continuavam a disparar incessantemente. Quando um disparava o outro carregava. Outro estrondo e mais um soldado espanhol morto.
Uma granada foi lançada pelo exercito atacante contra os partisans que estavam na loja da direita, fazendo-a explodir. As paredes abalaram com o estrondo.
“-Idiota, quieres hacernos morir a todos? Si las paredes se caen morimos todos. Más nadie usa explosivos.” Gritou um em espanhol.
Os dois soldados da loja oposta continuavam a disparar incessantemente. Quando um disparava o outro carregava. Outro estrondo e mais um soldado espanhol morto.
*
“- Aonde está esse maldito atirador?" perguntou o sargento para ninguém em especial “Cabrão” pondo a cabeça de fora tentou procurar pelos escombros, nas lojas e em possíveis esconderijos. De ambos os lados disparavam uma rajada escondendo-se de imediato na parede.
“- Quantos restamos Juan?” – perguntou ao soldado atrás dele. “- Tirando nós seis deste lado, do outro lado estão o Amador, o enfermeiro e o “rádio”. Lá em baixo estão pelo que sei Sebastian e Fonda do lado direito e do lado esquerdo o Rico.
“-Rádio, quando vêem reforços?" Sussurrou Tajo. Uma bala acertou junto a parede aonde estava escondido, fazendo cair o mármore que estava ainda seguro a parede. Uns centímetros ao lado e teria despedaçado a cabeça dele.
“Foda-se merda” praguejou Tajo caindo para trás em cima dos companheiros. “Já não basta o maldito atirador. Fustiguem esses sacanas que estão nas lojas.”
Vindo do lado direito das lojas mais dois partisans apareceram. Cobertos pelas rajadas dos companheiros das frentes correram na direcção oposta para dentro da loja do lado esquerdo. Os espanhóis vendo presa fácil abriram fogo de ambos os lados expondo-se.
“- Quantos restamos Juan?” – perguntou ao soldado atrás dele. “- Tirando nós seis deste lado, do outro lado estão o Amador, o enfermeiro e o “rádio”. Lá em baixo estão pelo que sei Sebastian e Fonda do lado direito e do lado esquerdo o Rico.
“-Rádio, quando vêem reforços?" Sussurrou Tajo. Uma bala acertou junto a parede aonde estava escondido, fazendo cair o mármore que estava ainda seguro a parede. Uns centímetros ao lado e teria despedaçado a cabeça dele.
“Foda-se merda” praguejou Tajo caindo para trás em cima dos companheiros. “Já não basta o maldito atirador. Fustiguem esses sacanas que estão nas lojas.”
Vindo do lado direito das lojas mais dois partisans apareceram. Cobertos pelas rajadas dos companheiros das frentes correram na direcção oposta para dentro da loja do lado esquerdo. Os espanhóis vendo presa fácil abriram fogo de ambos os lados expondo-se.
“Cuidado com o…” – Gritou o sargento tarde de mais. Outro soldado espanhol tombou sem vida.
“-Viram de onde o tiro veio?” perguntou Tajo. “Vocês ai em baixo, viram?”
“Não senhor. Se nos pomos a mostra os das lojas matam-nos. Precisamos de cobertura para fugir daqui. Estamos encurralados.”
“Merda” sussurrou Tajo. “Somos muitos mais mas por causa de um merdas estamos aqui como coelhos a espera de sermos mortos. Não vale a pena. A não ser que… Hey Juan, que tal dar a volta? Do outro lado deve haver uma entrada não? Vê ai o plano desta zona.”
“Merda” sussurrou Tajo. “Somos muitos mais mas por causa de um merdas estamos aqui como coelhos a espera de sermos mortos. Não vale a pena. A não ser que… Hey Juan, que tal dar a volta? Do outro lado deve haver uma entrada não? Vê ai o plano desta zona.”
Os espanhóis embora muito superiores em números e armamento, não tinha o conhecimento que os partisans tinham. Embora controlassem as ruas e os sítios chave. Mas havia sítios ainda não controlados que rapidamente eram bombardeados com aviões. Como os espanhóis não queriam uma cidade em ruína e também pensavam que os partisans eram pouco mais de algumas centenas eles iam rua em rua.
Antes de invadir Lisboa, os espanhóis tinham emitido um aviso para todos aqueles que apoiavam a invasão, ou que não queriam morrer, teriam que abandonar a cidade indo para os vários campos provisórios a volta da cidade. Por isso quando eles entravam nas casas matavam toda a gente quer fosse combatentes ou inocentes. Nas zonas antigas de Lisboa, as ruas eram estreitas e os soldados espanhóis eram vítimas de ataques vindos das casas. Não podiam mandar pelos ares com os tanques que os acompanhavam com medo do prédio ruir em cima destes. O Castelo de São Jorge era dos últimos sítios controlados pelos partisans a céu aberto. Debaixo da cidade existiam caminhos que os espanhóis desconheciam como os esgotos, outros eram batalhados constantemente como os caminhos de metro mais algumas estações de metro. Qualquer zona controlada do sub mundo que caía nas mãos do inimigo eram feitas explodir para não os deixar entrarem nos caminhos subterrâneos.
“Hmm, realmente podíamos dar a volta Sargento. Mas com certeza eles têm alguém a guardar essa entrada, e para mais se tentamos sair daqui ele sacana mata-nos.” – Respondeu Juan sem deixar de olhar para o papel como a magicar uma solução.
“Hmm, realmente podíamos dar a volta Sargento. Mas com certeza eles têm alguém a guardar essa entrada, e para mais se tentamos sair daqui ele sacana mata-nos.” – Respondeu Juan sem deixar de olhar para o papel como a magicar uma solução.
“Rádio, contacta o Teniente e pede que mande alguém pelo outro lado.” – Abanando a cabeça o soldado fez o que lhe mandaram. Limpando o pó que acumulava na sua face o sargento grunhiu. “Raios… estamos completamente paralisados aqui. Se ao menos tivéssemos mais homens poderíamos atacar.”
Pondo um bocado de espelho virado para o lado contrario ao caminho conseguia ver o que se passava sem se expor demasiado. Lá em baixo estavam destroços de mármore por todo o lado, bocados de tecto caídos acumulavam-se dando ao caminho totalmente irregular e com obstáculos. O atirador poderia estar escondido em qualquer lado, deitado atrás de uma poste caído, atrás de pedras, dentro de um ventilador com a mira de fora. Era impossível saber de onde vinha os tiros. Mesmo na ponta do caminho, estava caiado um poste que não tocava totalmente na parede oposta. Ele poderia estar escondido ali. Deitado era impossível vê-lo, a não ser que se estivesse a 2 metros dele. Como se soubesse que estava a ser observado um tiro ecoou pelo silêncio que se assolara entretanto partindo o espelho.
Pondo um bocado de espelho virado para o lado contrario ao caminho conseguia ver o que se passava sem se expor demasiado. Lá em baixo estavam destroços de mármore por todo o lado, bocados de tecto caídos acumulavam-se dando ao caminho totalmente irregular e com obstáculos. O atirador poderia estar escondido em qualquer lado, deitado atrás de uma poste caído, atrás de pedras, dentro de um ventilador com a mira de fora. Era impossível saber de onde vinha os tiros. Mesmo na ponta do caminho, estava caiado um poste que não tocava totalmente na parede oposta. Ele poderia estar escondido ali. Deitado era impossível vê-lo, a não ser que se estivesse a 2 metros dele. Como se soubesse que estava a ser observado um tiro ecoou pelo silêncio que se assolara entretanto partindo o espelho.
“Sacana, encontrei-te.” – Encostou-se mais a parede e virando-se para os companheiros continuou “Foi por pouco que não me arrancou a mão. Ele está lá ao fundo ao pé do pilar caído.”
As metralhadoras por parte dos partisans começaram a soar contra as paredes fazendo com que os espanhóis nem tentassem disparar. Tentavam por a arma de fora e disparar sem olhar mas os tiros iam para sítios aonde não havia ninguém.
“Senhor” – Chamou o Rádio “O tenente vem ai com um pelotão e vai mandar outro pelo outro lado. Vamos encurrala-los.”
As metralhadoras por parte dos partisans começaram a soar contra as paredes fazendo com que os espanhóis nem tentassem disparar. Tentavam por a arma de fora e disparar sem olhar mas os tiros iam para sítios aonde não havia ninguém.
“Senhor” – Chamou o Rádio “O tenente vem ai com um pelotão e vai mandar outro pelo outro lado. Vamos encurrala-los.”
“Hmm… Não sei quem vai ser encurralado…” - acrescentou Tajo para si mesmo. Aquele sacana deve ter algum truque na manga. Ele foi capaz de acertar num espelho pouco maior que 15cm, provavelmente poderia ter rebentado a minha mão se o quisesse. Raios. Já tombaram 7 soldados só pelas suas mãos. Incluindo o nosso Teniente que foi logo primeiro. De 40 solados restamos 11. O gajo é bom mas vamos ter que o matar. “Quanto tempo demoram eles Rádio?” perguntou.
“-Ele disse que estava no cimo da avenida e que vem já ai mas…” Outro tirou estrondoso e o Rádio caiu sem vida.
“Merda. Porque razão aproximou-se ele da parede. Que estúpido.” – Estava raivoso, odiava mais que tudo descuido. Nesta guerra urbana, aquilo que eles menos podem ser é descuidado. Vindo de qualquer lado pode vir uma granada ou um atirador furtivo.
“Yo ya no aguanto. Vamos todos morir.” Gritou Rico, o solado que estava sozinho do lado esquerdo. Ele estava contra a parede completamente isolado dos companheiros. A pressão e as mortes continuas do atirador enlouqueciam-no. Pegando na metralhadora saiu do esconderijo a disparar rajadas sem qualquer tipo de precisão.
“Noooo. Se queda adónde estás, loco.” Gritaram os companheiros, mas foi tarde de mais. Os partisans que estavam escondidos dentro da loja saíram e começaram a disparar contra ele, fazendo-o tombar.
Por detrás da parte superior, os seis homens que ainda se encontravam do lado aonde estava o sargento saíram e começaram a disparar. Do outro lado o Amador e o enfermeiro também saíram, tentando com este acto louco, tentar que os companheiros ainda escondidos no andar debaixo conseguissem subir. Um dos partisans levou um tiro no braço deixando cair a espingarda e caindo para dentro da loja. Estando em inferioridade numérica os outros dois partisans esconderam-se.
Outro tiro estrondeou acima das rajadas de metralha e um dos soldados que davam cobertura caiu. Vendo-o cair e irritado o sargento e mais 3 companheiros concentram o fogo para o pilar tombado, tentando de alguma maneira assustar o atirador o tempo suficiente para os companheiros subirem as escadas. Mais um tiro e outro tombou.
Subiam as escadas, tropeçando nos cadáveres em todas as pedras os soldados esconderam-se mais uma vez.
“Raios. Subiram dois e morreram dois.” Suspirou Tajo Entre suspiros, sem se virar para o colega acrescentou. “Juan, já reparaste? Ele facilmente teria morto o Sebastian ou o Fonda que fugiam de costas mas em vez disso matou dois que disparavam contra ele.” “Um atirador com honra?” – Gozou Juan.
Um riso irónico e trémulo ecoou pelo metro, sem tiros, nem gritos de moribundos, o metro era um sítio demasiado calmo. Não se ouvia nada. Nem se conseguia ouvir os tanques a passarem nas estradas por cima, nem os gritos. Ocasionalmente ouvia-se o estrondo de uma bomba e terra cairia do tecto.
“Francotirador, viene ay un pelotón. Si fuera a ti iría aunque.” Gritou o sargento rindo. “Ni com tu pericia conseguirás matar cuarenta soldados” Ele esforçava-se para falar um espanhol que fosse mais parecido com o português. Tinha pronúncia de galego.
Quando Espanha entrou em guerra com Portugal, duas zonas de Espanha, apoiaram directa ou indirectamente Portugal. A Galiza sempre fora uma parte de Espanha que mais se identificava com Portugal. Tinham costumes parecidos com os nortenhos. A maior parte das pessoas que vivia no Minho e Trás-os-Montes, antes de começar a guerra, iam a Galiza muitas vezes, muitas delas, tinham familiares de ambos os lados. Por parte da Galiza sempre muito mais próxima do Porto que a sua própria capital Madrid. Odiavam serem espanhóis. Não foi de estranhar quando muitos galegos, quando a guerra começou, não a apoiaram-na e até fizeram grandes manifestações para terminar. Com o fracasso da diplomacia e das manifestações, muitos galegos combatiam lado a lado dos portugueses, na sua maioria na cidade do Porto e Braga e também nas florestas. A outra zona foi o Pais Basco, que aproveitou o envio dos tropas para Portugal, para rebelar-se. O mundo dera uma grande volta em apenas oito anos.
Tajo tinha familiares em Portugal, a sua própria esposa era portuguesa. Quando a guerra começou Tajo não teve escolha. Ele era um militar da guarda real espanhola. O primeiro casamento era o exército. No princípio ajudou os familiares da sua mulher a escaparem pedidos vários favores aos guardas fronteiriços e aqueles que atacavam Portugal vindo da Galiza. Eles ajudaram, a maior parte dos soldados também tinha pessoas conhecidas no norte do Portugal. De toda a guerra que se vinha a alastrar a meses, o norte foi o que deu mais luta, mas também foi aonde não se registaram grandes massacres como aconteceu no sul.
Vindo das escadas atrás do sargento, começaram a chegar os reforços. Iam descendo e ficando atrás uns dos outros. O Sargento disse-lhes para terem cuidado e não se aproximarem da borda da parede porque senão seriam mortos por um atirador.
Um tenente vestido de castanho-escuro que empunhava uma espingarda foi o ultimo a descer. Tinha os olhos negros como a noite sem lua. Usava barba por fazer. Tinha uma ferida no braço, mas isso não lhe impedia de empunhar a arma e ter nas costas uma mochila cheia como qualquer outro soldado. Deveria pesar mais de 15 quilos.
“Como estão as coisas Sargento?” – perguntou com uma voz rouca. Tinha os dentes amarelos, parecia que não lavava a boca a dias. Um cheiro a alho saia-lhe.
Fazendo a continência com o devido respeito “Estamos encurralados Senhor. Lá em baixo estão pelo menos 3 partisans com metralhadoras e um atirador furtivo.”
“E porque razão estão aqui ainda?” a sua cara contorceu-se de raiva “Estão aqui sentadinhos a fazer um piquenique? Eles são 4 vocês eram 40. Como foi capaz de perder quase toda a sua equipa Sargento?” – O tenente gritava com o sargento, mas o barulho das bombas tinha-se intensificado, sendo difícil para ambos se ouvirem.
O sargento era um veterano, já estava no exército a 26 anos. Provavelmente mais anos que o próprio Tenente, que parecia um miúdo acabado de sair da puberdade. Mas a cadeira de comando, não liga a idade. Tajo, irritado pela fúria do inexperiente soldado, queria espanca-lo. Mata-lo com a faca que trazia na bota desde a sua recruta. Tão rápido que seria. Seria misericordioso para os soldados do tenente. Mas a cadeira de comando não vê bem uma insubordinação e seria fuzilado. Suspirando, engoliu uma arfada de ar e respondeu-lhe
“-Ele disse que estava no cimo da avenida e que vem já ai mas…” Outro tirou estrondoso e o Rádio caiu sem vida.
“Merda. Porque razão aproximou-se ele da parede. Que estúpido.” – Estava raivoso, odiava mais que tudo descuido. Nesta guerra urbana, aquilo que eles menos podem ser é descuidado. Vindo de qualquer lado pode vir uma granada ou um atirador furtivo.
“Yo ya no aguanto. Vamos todos morir.” Gritou Rico, o solado que estava sozinho do lado esquerdo. Ele estava contra a parede completamente isolado dos companheiros. A pressão e as mortes continuas do atirador enlouqueciam-no. Pegando na metralhadora saiu do esconderijo a disparar rajadas sem qualquer tipo de precisão.
“Noooo. Se queda adónde estás, loco.” Gritaram os companheiros, mas foi tarde de mais. Os partisans que estavam escondidos dentro da loja saíram e começaram a disparar contra ele, fazendo-o tombar.
Por detrás da parte superior, os seis homens que ainda se encontravam do lado aonde estava o sargento saíram e começaram a disparar. Do outro lado o Amador e o enfermeiro também saíram, tentando com este acto louco, tentar que os companheiros ainda escondidos no andar debaixo conseguissem subir. Um dos partisans levou um tiro no braço deixando cair a espingarda e caindo para dentro da loja. Estando em inferioridade numérica os outros dois partisans esconderam-se.
Outro tiro estrondeou acima das rajadas de metralha e um dos soldados que davam cobertura caiu. Vendo-o cair e irritado o sargento e mais 3 companheiros concentram o fogo para o pilar tombado, tentando de alguma maneira assustar o atirador o tempo suficiente para os companheiros subirem as escadas. Mais um tiro e outro tombou.
Subiam as escadas, tropeçando nos cadáveres em todas as pedras os soldados esconderam-se mais uma vez.
“Raios. Subiram dois e morreram dois.” Suspirou Tajo Entre suspiros, sem se virar para o colega acrescentou. “Juan, já reparaste? Ele facilmente teria morto o Sebastian ou o Fonda que fugiam de costas mas em vez disso matou dois que disparavam contra ele.” “Um atirador com honra?” – Gozou Juan.
Um riso irónico e trémulo ecoou pelo metro, sem tiros, nem gritos de moribundos, o metro era um sítio demasiado calmo. Não se ouvia nada. Nem se conseguia ouvir os tanques a passarem nas estradas por cima, nem os gritos. Ocasionalmente ouvia-se o estrondo de uma bomba e terra cairia do tecto.
“Francotirador, viene ay un pelotón. Si fuera a ti iría aunque.” Gritou o sargento rindo. “Ni com tu pericia conseguirás matar cuarenta soldados” Ele esforçava-se para falar um espanhol que fosse mais parecido com o português. Tinha pronúncia de galego.
Quando Espanha entrou em guerra com Portugal, duas zonas de Espanha, apoiaram directa ou indirectamente Portugal. A Galiza sempre fora uma parte de Espanha que mais se identificava com Portugal. Tinham costumes parecidos com os nortenhos. A maior parte das pessoas que vivia no Minho e Trás-os-Montes, antes de começar a guerra, iam a Galiza muitas vezes, muitas delas, tinham familiares de ambos os lados. Por parte da Galiza sempre muito mais próxima do Porto que a sua própria capital Madrid. Odiavam serem espanhóis. Não foi de estranhar quando muitos galegos, quando a guerra começou, não a apoiaram-na e até fizeram grandes manifestações para terminar. Com o fracasso da diplomacia e das manifestações, muitos galegos combatiam lado a lado dos portugueses, na sua maioria na cidade do Porto e Braga e também nas florestas. A outra zona foi o Pais Basco, que aproveitou o envio dos tropas para Portugal, para rebelar-se. O mundo dera uma grande volta em apenas oito anos.
Tajo tinha familiares em Portugal, a sua própria esposa era portuguesa. Quando a guerra começou Tajo não teve escolha. Ele era um militar da guarda real espanhola. O primeiro casamento era o exército. No princípio ajudou os familiares da sua mulher a escaparem pedidos vários favores aos guardas fronteiriços e aqueles que atacavam Portugal vindo da Galiza. Eles ajudaram, a maior parte dos soldados também tinha pessoas conhecidas no norte do Portugal. De toda a guerra que se vinha a alastrar a meses, o norte foi o que deu mais luta, mas também foi aonde não se registaram grandes massacres como aconteceu no sul.
Vindo das escadas atrás do sargento, começaram a chegar os reforços. Iam descendo e ficando atrás uns dos outros. O Sargento disse-lhes para terem cuidado e não se aproximarem da borda da parede porque senão seriam mortos por um atirador.
Um tenente vestido de castanho-escuro que empunhava uma espingarda foi o ultimo a descer. Tinha os olhos negros como a noite sem lua. Usava barba por fazer. Tinha uma ferida no braço, mas isso não lhe impedia de empunhar a arma e ter nas costas uma mochila cheia como qualquer outro soldado. Deveria pesar mais de 15 quilos.
“Como estão as coisas Sargento?” – perguntou com uma voz rouca. Tinha os dentes amarelos, parecia que não lavava a boca a dias. Um cheiro a alho saia-lhe.
Fazendo a continência com o devido respeito “Estamos encurralados Senhor. Lá em baixo estão pelo menos 3 partisans com metralhadoras e um atirador furtivo.”
“E porque razão estão aqui ainda?” a sua cara contorceu-se de raiva “Estão aqui sentadinhos a fazer um piquenique? Eles são 4 vocês eram 40. Como foi capaz de perder quase toda a sua equipa Sargento?” – O tenente gritava com o sargento, mas o barulho das bombas tinha-se intensificado, sendo difícil para ambos se ouvirem.
O sargento era um veterano, já estava no exército a 26 anos. Provavelmente mais anos que o próprio Tenente, que parecia um miúdo acabado de sair da puberdade. Mas a cadeira de comando, não liga a idade. Tajo, irritado pela fúria do inexperiente soldado, queria espanca-lo. Mata-lo com a faca que trazia na bota desde a sua recruta. Tão rápido que seria. Seria misericordioso para os soldados do tenente. Mas a cadeira de comando não vê bem uma insubordinação e seria fuzilado. Suspirando, engoliu uma arfada de ar e respondeu-lhe
“Eles eram mais no principio senhor. Estamos presos porque o tempo que demoraríamos a chegar as lojas aonde se encontram os partisans era tempo de cairmos todos. Aquele atirador furtivo não é para brincar. Só ele já matou mais de 10 homens.”
“Tretas, bando de preguiçosos. Todos de pé. Vamos atacar frontalmente. Ficam aqui 4 homens a dar-nos cobertura.” Enquanto falava tirou a cavilha de segurança da sua espingarda e colocou a baioneta pronta. Os soldados começaram a carregar as armas. Os nervos em franja. Sabiam que iam morrer. Estavam a atirar-se para a boca do lobo.
“Tretas, bando de preguiçosos. Todos de pé. Vamos atacar frontalmente. Ficam aqui 4 homens a dar-nos cobertura.” Enquanto falava tirou a cavilha de segurança da sua espingarda e colocou a baioneta pronta. Os soldados começaram a carregar as armas. Os nervos em franja. Sabiam que iam morrer. Estavam a atirar-se para a boca do lobo.
*
“Hey Raist.” Sussurrou Tomás. “ Raist.” Chegaram novos soldados. Tu ouviste o espanhol. Vamos embora.”
Tinha uma ferida ligeira na barriga. Provavelmente um estilhaço tinha rebentado e raspou-lhe na barriga. Começou a procurar os corpos dos colegas caídos, tirando todo o tipo de armamento, quer espingardas e facas, bem como todas as munições. Meteu-as na mochila. Um partisan não tem fabricas de armas como os soldados espanhois. Utiliza aquilo que tem a mão. Não era de estranhar, cada partisan ter uma arma de modelo diferente.
“Seu malandro. Tinhas aqui um petisco e não partilhavas com ninguém.” Disse Tomás ao camarada morto como se esperasse que ele brincasse de volta. Era um bocado de queijo. Estava com um bocado de bolor, mas era delicioso. Comparado com ervas ou pequenos roedores como ratos, pão duro de dias atrás e enlatados, um bocado de queijo era uma regalia, mesmo com o bolor. No meio de uma guerra não se pode ser esquisito. Já tinha comido coisas piores.
“Hugo” Gritou Tomás. “Ajuda o Vítor. Isto está a ficar muito cheio, e sabes bem que eu sou timido. Vamos embora.”
Tinha uma ferida ligeira na barriga. Provavelmente um estilhaço tinha rebentado e raspou-lhe na barriga. Começou a procurar os corpos dos colegas caídos, tirando todo o tipo de armamento, quer espingardas e facas, bem como todas as munições. Meteu-as na mochila. Um partisan não tem fabricas de armas como os soldados espanhois. Utiliza aquilo que tem a mão. Não era de estranhar, cada partisan ter uma arma de modelo diferente.
“Seu malandro. Tinhas aqui um petisco e não partilhavas com ninguém.” Disse Tomás ao camarada morto como se esperasse que ele brincasse de volta. Era um bocado de queijo. Estava com um bocado de bolor, mas era delicioso. Comparado com ervas ou pequenos roedores como ratos, pão duro de dias atrás e enlatados, um bocado de queijo era uma regalia, mesmo com o bolor. No meio de uma guerra não se pode ser esquisito. Já tinha comido coisas piores.
“Hugo” Gritou Tomás. “Ajuda o Vítor. Isto está a ficar muito cheio, e sabes bem que eu sou timido. Vamos embora.”
Hugo abanou a cabeça e ajudou o companheiro pondo o braço a volta deste e falou-lhe sorrindo.
“Vamos embora amigo. Parece que o Tomás está a ficar claustrofobico”
Vítor arreganhou os dentes num sorriso forçado mas as forças foram-se e encostou-se a parede tentando ganhar forças e recuperar o fôlego.
“Vamos embora amigo. Parece que o Tomás está a ficar claustrofobico”
Vítor arreganhou os dentes num sorriso forçado mas as forças foram-se e encostou-se a parede tentando ganhar forças e recuperar o fôlego.
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